1ª Edição
No dia 26 de outubro de 2022 foram conhecidos os resultados dos prémios nacionais de arquitetura – FORMA 2022. Nesta 1ª edição participaram um total de 105 candidatos para as 5 categorias.
A cerimónia de entrega dos prémios realizada no Teatro Thalia, contou com a presença da Sua Excelência a Secretária de Estado da Habitação, Dra. Marina Gonçalves que fez as honras de abertura, destacando “o papel essencial dos arquitetos na garantia da qualidade da construção”.
2ª Edição
No dia 18 de maio de 2024 foram conhecidos os resultados dos prémios nacionais de arquitectura – FORMA 2023. Nesta 2ª edição foram registadas um total de 137 candidaturas para as 6 categorias. A cerimónia de entrega dos prémios realizada no Auditório do Museu Serralves contou com a presença do Presidente do CDN da Ordem dos Arquitectos, o Arqtº Avelino Oliveira, que fez as honras de abertura, destacando os Prémios FORMA como sendo os Prémios que promovem e representam o conhecimento, a prática de qualidade, a autoria, o pensamento e a criação, onde todos os finalistas são os premiados e que a escolha de um vencedor é a celebração da arquitetura, o lado humano e o reconhecimento do seu trabalho.
Casa Hipóstila
Hypostyle House
Miguel Marcelino
Vencedor
Winner
A casa, localizada no Alentejo, é inspirada na forma de um grande tanque adossado a um muro voltado a sul, como uma caixa de ressonância da paisagem. Do outro lado do muro ficam os espaços sociais e duas salas de fresco, que funcionam como transições entre o interior e o exterior. Em torno de um pequeno pátio, encontram-se os espaços privados. A casa é revestida com argamassa de cal e isolada com cortiça, e a sua forma e materiais criam uma experiência sensorial única.
Em Pedrógão Grande, um terreno verdejante foi comprado em 2017, mas em junho desse ano um incêndio devastador alterou a paisagem, deixando visíveis os socalcos, semelhantes aos do Douro ou aos terraços incas. O projeto aproveitou esses socalcos e rejeitou uma casa tradicional, optando por uma estrutura abstrata formada por colunas dispostas de forma irregular, criando uma fluidez espacial e uma filtragem entre os espaços privados e a paisagem exterior. Cinco anos depois, a nova construção integra-se novamente na paisagem verdejante.
Located in the Alentejo, the house is inspired by an extensive tank attached to a south-facing wall, serving as a sounding board for the landscape. On the other side of the wall, there are the social spaces and two fresco rooms, which act as transitions between the interior and exterior. Private spaces surround a small interior courtyard.
The house is coated in lime mortar and insulated with cork, with the design and material choices giving it a unique sensory quality. In 2017, after a devastating fire in Pedrógão Grande, the previously green land became marked by terraced topography, similar to the Douro region or Inca terraces. The project embraced these terraces and opted for an abstract design, featuring a hypostyle structure of columns arranged in an irregular grid. This approach sought spatial fluidity and a connection between private spaces and the landscape. Five years later, the house integrates seamlessly into the renewed verdant surroundings.
Crédito de Imagem: Lourenço T. Abreu
Finalistas:
Casa Duplicada
Duplicated House
Miguel Marcelino
Blue House
Blue House
Carolina Augusta Backlar e Jeremy Stewart Backlar
Quinta do Lodão
House of Quinta do Lodão
Carlos Azevedo, João Crisóstomo e Luis Sobral
Casa na Rua Beirão
House in the Beirão Street
Ana Cravinho, Inês Cordovil e Sofia Pinto BastoHoso
Hoso
Julião Pinto Leite
Vencedor
Winner
A Torre Hoso, com 9.350 m², destina-se ao alojamento de estudantes e está localizada no maior campus universitário do Porto. Inserido entre grandes volumes ortogonais, o edifício preenche um vazio urbano criado pelas descontinuidades da Via de Cintura Interna. A sua volumetria cilíndrica otimiza a organização do espaço, reduzindo as áreas de circulação e aumentando a área útil, enquanto os módulos radiais concentram infraestruturas no centro e libertam os espaços habitáveis.
A estrutura em betão pré-fabricado permite uma construção mais rápida e económica, reduzindo o tempo de construção em 30%. O uso de peças pré-fabricadas aumenta a qualidade e precisão, minimizando desperdícios e pegada de carbono. A fachada protege as unidades habitacionais do sol e do ruído, além de garantir privacidade. As varandas conferem plasticidade ao edifício, e o toit-terrasse oferece uma vista panorâmica de 360 graus.
The Hoso Tower, designed for student accommodation with a total area of 9,350 m², is situated on Porto's largest university campus. Positioned amidst large-scale orthogonal buildings along major roadways, it fills an urban void created by the city's internal belt route.
Its cylindrical design optimizes space, reducing circulation areas and enhancing typological flexibility. Radial modules concentrate infrastructure at the core, allowing for unrestricted living spaces.
Constructed with prefabricated concrete, all components were manufactured off-site, reducing costs and construction time by 30%, with each floor completed in around a week. This method minimized unforeseen variables, improving quality and precision while reducing waste and carbon footprint.
The building's façade protects against solar exposure and noise, acting as a barrier to traffic sounds and offering enhanced privacy. Perimeter balconies add aesthetic value and functionality, and the rooftop terrace offers 360-degree panoramic views.
Crédito de Imagem: Fernando Guerra, Guilherme Oliveira
Finalistas:
Edifício da Circunvalação I
Circunvalação Building I
António Morgado Nogueira
DPV_Residences
DPV_ Residences
Adriano Pimenta
Torre15
Tower 15
Julião Pinto Leite
Casa de Torcato
Torcato House
Catarina Ribeiro e Vitório LeiteEstrutura Residencial para pessoas Idosas
Residential Structure for Elderly People
Nuno Valentim Lopes e Frederico Eça
Vencedor
Winner
Localizado na margem sul do Douro, próximo da Marina de Gaia, o terreno apresenta uma geometria regular e uma forte pendente. A área é caracterizada por habitações unifamiliares a nascente e áreas verdes a poente, que enquadram o Palacete de S. Paio. Novos edifícios estão previstos a poente, criando a necessidade de o projeto atuar como uma transição entre as diferentes escalas da área.
O projeto é composto por dois volumes em tijolo, implantados no interior do terreno e rodeados por árvores, com diferentes cotas devido à forte inclinação. Os volumes, semelhantes, seguem as dimensões e composição do Palacete de S. Paio, permitindo, através da diferença de cotas e uma ligeira torção, que todos os quartos tenham vistas para o rio Douro.
As áreas complementares, localizadas em plataformas semi-enterradas, são iluminadas por pátios e claraboias. O uso de tijolo burro de cor natural tanto no exterior como no interior ajuda a integrar os edifícios na paisagem e a criar um ambiente mais acolhedor, afastando a sensação impessoal associada a habitação sénior.
Located on the south bank of the Douro, near Gaia Marina, in a transforming urban area, the plot has a relatively regular shape and a steep slope. The surroundings are characterized by single-family houses with two to three floors to the east, and green areas framing the Palacete de S. Paio. To the west, larger buildings are planned, emphasizing the need for the project to act as a transition between these different scales.
The design consists of two brick volumes placed within the land, surrounded by a patch of trees extending from the adjoining land to the west. Despite being at different elevations due to the steep slope, the two volumes are identical, referencing the dimensions and composition of the Palacete de S. Paio.
The elevation difference and a slight twist in the layout provide unique views of the Douro River from every room. Complementary areas are located on half-buried platforms, illuminated by courtyards and skylights.
The natural-colored brick on the exterior allows the buildings to blend with the hillside, while the interior design avoids the sterile, hospital-like feel often associated with senior housing.
Crédito de Imagem: João Ferrand
Finalistas:
ERPI Castro Marim
ERPI Castro Marim
Chiara Ternullo e Pedro Teixeira de Melo
Polo Saúde Carcavelos
Carcavelos Health Center
Simão Botelho, Joana Jordão, Mário Serrano e Margarida Fonseca
Escola Básica Arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles
Basic School Architect Gonçalo Ribeiro Telles
João Santa Rita e Paulo Palma
Paços-do-Concelho-Trofa
Trofa Town Hall
José Carlos Nunes de OliveiraPraça e Posto de Turismo Piódão
Piódão Square and Tourist Information Office
João Branco e Paula del Rio
Vencedor
Winner
A aldeia do Piódão, situada numa escarpa íngreme, é um anfiteatro de casas de xisto com ruas estreitas também de xisto. O Largo Cónego Manuel Fernandes Nogueira, a zona mais baixa e única aberta da aldeia, serve como principal acesso, sendo usado por moradores, turistas e para cargas e descargas. Com o tempo, o largo foi ocupado por carros, tornando-se um parque de estacionamento. O objetivo do projeto foi devolver ao largo o seu caráter original, pedonal e livre. A solução proposta inclui duas ações principais: plantar cerejeiras autóctones à entrada, criando uma barreira natural contra os carros e protegendo a praça da estrada, e a pavimentação em xisto ao cutelo, sem desníveis, para reforçar o caráter pedonal. A introdução de um círculo central, alinhado com a igreja, organiza o espaço e integra a fachada da Igreja Matriz, o posto de turismo e as pequenas casas ao redor. A intervenção no posto de turismo, tanto interior como exterior, focou-se na limpeza e clarificação do existente, removendo anexos e acrescentando uma estrutura de madeira com cobertura de lajetas de ardósia. O projeto respeitou a identidade da aldeia, mantendo árvores, busto e candeeiros originais, além de usar materiais e técnicas tradicionais, como o xisto. As novas cerejeiras autóctones foram plantadas à entrada. O resultado final é uma intervenção discreta e harmoniosa, que parece ter sempre existido, alinhando-se com o orgulho dos habitantes do Piódão e promovendo a sustentabilidade material e cultural, essencial para a fixação das populações no interior.
The village of Piódão, situated on a steep escarpment, consists of an amphitheatre of schist houses with narrow, steep streets. Largo Cónego Manuel Fernandes Nogueira, the only open, horizontal space in the lower part, serves as the main access to the village. Over the years, it became a parking lot due to car use for supplies and tourism. The project's main goal was to restore the square's pedestrian and unobstructed character. Two main actions were proposed: first, planting native cherry trees at the entrance to block car access and create a natural barrier, which alters the arrival sequence by shifting the focus to the village's elevation. Second, the square was repaved with schist to the cleaver, eliminating unevenness and curbs, reinforcing its pedestrian character. A large central circle was introduced, aligned with the church's axis, integrating the square's elements such as the church façade, tourist office, and small buildings. The tourist office building was cleaned and clarified, with traditional wooden and slate structures added for shade. The design avoided drawing attention to itself, maintaining the original trees, bust, and public lamps. The square's pavement uses the same schist material as the village, and the two porches were built using metal pillars, chestnut wood beams, and slate roofs. The new cherry trees further enhance the integration of the space. The result is an intervention that blends seamlessly with the village, promoting both material and cultural sustainability, essential for the area's rural settlement.
Crédito de Imagem: Frederico Martinho, do mal o menos
Finalistas:
Parque Urbano Cruz do Montalvão
Urban Park Cruz do Montalvão
Verónica Mota Almeida e Diamantino Rodrigues de Oliveira
Forum
Forum
Andreia Garcia
Rua do Mirante Porto
Rua do Mirante Porto
Nuno Abrantes
Praça do Estreito
Parish of Estreito
Carolina Sumares e Richard den HeijeCasal Saloio
Saloio Couple
Miguel Marcelino
Vencedor
Winner
O Casal Saloio de Outeiro de Polima é dos poucos exemplos que documentam as primeiras ocupações deste território. Trata-se de uma construção humilde que sofreu sucessivas alterações e ampliações ao longo dos tempos até ser agora transformada em espaço museológico. Na sua génese, era apenas um simples compartimento, depois ganhou um quarto anexo, uma ala lateral, um forno de pedra, o curral, o segundo piso e, novamente, mais outros anexos. A certa altura, foram adicionados dois contrafortes para conter problemas estruturais. A lógica construtiva foi sempre a da informalidade e do mero suprimento de necessidades.
Havendo tantas camadas de transformações, optou-se por consolidar a antiga casa rural na sua última configuração reconhecível, podendo-se ler a sua evolução através da geometria quebrada e desuniforme. A nova ampliação consiste em dois novos volumes intersectados em L, formando um pátio com o conjunto existente e adotando uma forma e escala similar, continuando, agora no século XXI, a lógica de sucessivas ampliações e intersecções que a caracterizam.
The Casal Saloio of Outeiro de Polima is one of the few examples that document the first occupations of this territory. It is a humble building that has undergone successive alterations and expansions over time until it was transformed into a museum space. In its original form, it was simply a small compartment, which later gained an annexed room, a side wing, a stone oven, a corral, a second floor, and more annexes. At one point, two buttresses were added to address structural issues. The construction logic has always been based on informality and the basic fulfillment of needs.
With so many layers of transformation, the decision was made to consolidate the old rural house in its most recognizable final form, with its evolution visible through the broken and uneven geometry. The new extension consists of two new intersecting L-shaped volumes, forming a patio with the existing structure and adopting a similar form and scale, continuing, now in the 21st century, the logic of successive extensions and intersections that have defined its character.
Crédito de Imagem: Lourenço T. Abreu
Finalistas:
Casa QBN
QBN House
André Delgado e Sofia Parente
Escola EB n.º 1 Telheira
EB No. 1 Telheira School
Pedro Belo Ravara e Nuno Vidigal
Mercado Municipal de Mafra
Mafra Municipal Market
Filipe Nunes e Marta Toral
Bairro do Silva
Silva Neighborhood
Pablo Rebelo e Pedro PitaCasa em Ancede
House at Ancede
Maria João Rebelo
Vencedor
Winner
Existia uma ruína de pedra e a perspectiva de construir uma extensão de 300 m². Após incêndios florestais, o terreno passou a integrar uma reserva ecológica nacional, tornando a ampliação impossível. A ruína era pequena, mas um desfasamento entre a realidade material e jurídica permitiu aumentar a implantação de 35 para 60 m², suficiente para resolver as infraestruturas em falta. Propôs-se a reconstrução, movendo duas paredes para obter mais espaço. O telhado, as lajes e caixilhos seriam de madeira, e as paredes exteriores isoladas com cortiça. O projeto atravessou uma pandemia, uma obstrução do Suez e várias guerras, e a escassez de mão de obra qualificada em Portugal fez com que o desenho original fosse reformulado com um empreiteiro local. A forma manteve-se, mas a construção tornou-se em betão, bloco térmico e MDF hidrófugo, revestidos com tinta ou verniz. Os materiais foram usados "como encontrados" e "como são", no espírito dos Smithsons ou de Sakamoto. Os caixilhos de alumínio foram escolhidos de um catálogo e subvertidos por uma cor vívida. Todas as pedras da ruína foram reutilizadas. Os desenhos apresentados refletem o que foi "desenhado" por outros sob orientação dos arquitetos, invertendo o seu significado e revelando o sentido compositivo de uma construção ordinária. A riqueza espacial resulta da economia, traduzida numa maximização do gesto mínimo. Em face de questões socioeconómicas e ecológicas, a arquitetura contribui para uma definição mais generosa desse mínimo.
There was a stone ruin and the prospect of building a 300 m² extension. After a series of forest fires, the land became part of a national ecological reserve, making this expansion impossible. The ruin was too small, but a discrepancy between material and legal realities allowed the footprint to be expanded from 35 to 60 m², sufficient to accommodate the necessary infrastructure. Reconstruction was proposed, shifting two walls to gain additional space. Following ecological principles, the roof, slabs, and frames were to be made of wood, with exterior walls insulated with cork. The project spanned a long period, passing through a pandemic, a Suez blockade, and several wars. Combined with a shortage of skilled labor in Portugal, the original design became unfeasible and was reformulated with the local contractor’s conditions. The form remained, but the construction was altered to a concrete structure, thermal block, and water-resistant MDF, coated with paint or varnish. The materials were used “as found” and “as they are,” inspired by the Smithsons or Sakamoto. Aluminum frames were chosen from a catalog, modified by a vivid color. All stones from the ruin were reused in new retaining walls. The presented drawings reflect what was “designed” by others under the architects' guidance, revealing the compositional intent behind an otherwise ordinary construction. The spatial richness comes from its economy, maximizing minimal gestures. In the face of macro socio-political issues like economy and ecology, architecture can do little more than contribute to a more generous definition of this minimum.
Crédito de Imagem: Francisco Ascensão
Finalistas:
Três Fachadas de Betão Aparente
Three Exposed Concrete Facades
Corpo Atelier
Casa das Montanhas
House of the Mountains
Diogo Aguiar
Casas Germanas
German Houses
Pablo Rebelo e Pedro Pita
Casa no Bairro Herculano
House in Herculano Neighborhood
Nuno Reis PereiraBuilding Pictures - Sara Nunes
Pedro Bandeira
Álvaro Siza Vieira
Casa Hipóstila
Hypostyle House
Miguel Marcelino
Vencedor
Winner
Construída no vasto território alentejano, a casa surge da figura de um extenso tanque adossado a um muro/parede, voltado a sul, como se de uma caixa de ressonância de toda a paisagem se tratasse.
Do outro lado do muro, guardam-se os espaços sociais da casa e duas salas de fresco, lugares de transição entre interior e exterior, fundacionais para esta vida quotidiana. Em torno de um pequeno pátio interior gravitam os diferentes espaços privados.
Toda a casa é revestida com argamassa de cal e isolada pelo exterior com cortiça. A forma e geometria dos espaços, as aberturas criteriosas e a emersão nessa materialidade emprestam a esta casa um sentido sensorial que dificilmente se reconhece pelas imagens.
Numa zona rural em Pedrógão Grande, o nosso cliente comprou, no início de 2017, um bonito terreno verdejante com algumas construções em ruína. Em junho desse ano, um incêndio de proporções devastadoras destruiu a flora do terreno e de toda a envolvente. Essa alteração dramática da paisagem, por sua vez, tornou bastante clara a topografia domesticada por um sistema de socalcos, trazendo à memória a região vinícola do Douro ou, mais longínquo, os terraços agrícolas incas no Peru.
Tornou-se evidente que o projeto deveria recuperar e apoiar-se nesses terraços. Além disso, a topografia parecia não pedir uma casa tradicional, do ponto de vista arquetípico, mas antes algo mais indefinido, como uma estrutura habitada. A solução foi uma construção abstrata composta por inúmeras colunas dispostas numa malha irregular de densidade variável – uma estrutura hipóstila –, procurando conseguir ao mesmo tempo fluidez espacial e filtragem tridimensional entre espaços privados e a paisagem exterior.
Cinco anos depois, a envolvente está novamente verdejante e a nova estrutura torna-se agora também parte deste sistema de paisagem construída.
Built in the vast territory of Alentejo, the house appears from the figure of an extensive tank attached to a wall, facing south, as if it were a sounding board for the entire landscape. On the other side of the wall are the social spaces of the house and two fresco rooms, places of transition between interior and exterior, foundational to this everyday life. Around a small interior courtyard, the different private spaces gravitate.
The whole house is coated with lime mortar and insulated from the outside with cork. The shape and geometry of the spaces, the judicious openings, and the emergence of this materiality lend the house a sensory quality that is difficult to capture from images alone.
In a rural area in Pedrógão Grande, our client, in early 2017, bought a beautiful green plot of land with some ruined buildings. In June of that year, a fire of devastating proportions destroyed the flora of the land and the entire surroundings. This dramatic alteration of the landscape, in turn, made the topography, tamed by a system of terraces, quite clear—bringing to mind the Douro wine region or, more distantly, the Inca agricultural terraces in Peru.
It became clear that the project had to recover and build on these terraces. And the feeling that the topography didn’t call for a traditional house, from an archetypal point of view, but rather something more undefined—such as an inhabited structure—emerged. The solution was an abstract construction composed of numerous columns arranged in an irregular grid of variable density—what is known as a hypostyle structure—seeking to achieve spatial fluidity and three-dimensional filtering between private spaces and the outdoor landscape. Five years later, the surroundings are once again verdant, and the new structure now becomes part of this landscape system.
Crédito de Imagem: Lourenço T. Abreu
Finalistas:
Casa Duplicada
Duplicated House
Miguel Marcelino
Blue House
Blue House
Carolina Augusta Backlar e
Jeremy Stewart Backlar
Quinta do Lodão
House of Quinta do Lodão
Carlos Azevedo,
João Crisóstomo e Luis Sobral
Casa na Rua Beirão
House in the Beirão Street
Ana Cravinho, Inês Cordovil e
Sofia Pinto Basto
Hoso
Hoso
Julião Pinto Leite
Vencedor
Winner
Intended for student accommodation, with an area of 9,350 m², the Hoso Tower is located on the largest university campus in the city of Porto. Positioned among large-scale isolated orthogonal volumes along the road infrastructures that cross the city, this building fills an urban void created by the various discontinuities associated with the insertion of the Internal Belt Route in Porto.
The adopted cylindrical volume allows for optimized spatial organization and flexibility, minimizing circulation areas, maximizing usable space, and efficiently addressing typological versatility. The radial modules concentrate the infrastructures at the core, adjacent to the common access areas, while keeping the living spaces free from any constraints.
With a prefabricated concrete structure, all components were factory-produced, assembled, and installed on-site, reducing construction costs and time by 30%. This method allowed each floor to be installed in approximately one week.
By employing prefabricated construction methods and systems, unforeseen variables were minimized, improving both the quality and precision of the construction process. The components were designed for easy assembly, reducing transportation distances and, consequently, minimizing waste and carbon footprint.
The proposed façade protects the housing units not only from solar exposure but also from noise pollution, acting as a barrier that mitigates traffic noise while also enhancing privacy for each unit.
Balconies around the entire perimeter contribute to the building’s aesthetic and functional adaptability, leveraging the permeability of vertical and horizontal elements. The toit-terrasse serves as the final architectural element, offering panoramic 360-degree views of the surrounding landscape.
Destinada a alojamento para estudantes, com uma área de 9.350 m², a Torre Hoso localiza-se no maior campus universitário da cidade do Porto. Integrando-se entre volumes ortogonais isolados de grande escala perante as estruturas viárias que atravessam a cidade, este edifício vem colmatar um vazio urbano criado pelas diversas descontinuidades associadas à inserção da Via de Cintura Interna no Porto.
A volumetria cilíndrica adotada permite uma organização e flexibilidade espacial otimizadas, reduzindo as áreas de circulação ao mínimo, aumentando a área útil e resolvendo a versatilidade tipológica de forma simples. Os módulos radiais concentram as infraestruturas no centro da circunferência, contíguas aos acessos comuns, e libertam para o exterior os espaços habitáveis, livres de quaisquer constrangimentos.
Com uma estrutura em betão pré-fabricado, todas as peças foram produzidas em fábrica, reunidas e instaladas in situ, reduzindo o custo e o tempo de construção em 30% e permitindo que a instalação de cada piso tenha sido concluída em aproximadamente uma semana.
Ao usar métodos e sistemas de construção pré-fabricados, minimizaram-se os resultados imprevistos, aumentando a qualidade e precisão da construção. As peças foram desenhadas de modo a serem facilmente agrupadas, permitindo reduzir o número de quilómetros de transporte e, consequentemente, minimizar desperdícios e a respetiva pegada de carbono.
A fachada proposta protege as unidades habitacionais não só do ponto de vista solar, mas também acústico, funcionando como uma barreira que fragmenta o ruído proveniente das vias de maior tráfego automóvel. Além disso, promove um filtro que controla a privacidade de cada unidade habitacional.
As varandas ao longo de todo o perímetro conferem ao edifício uma plasticidade que explora a componente permeável dos elementos verticais e horizontais. O toit-terrasse coroa a estrutura, abrindo-se para uma paisagem de 360 graus.
Crédito de Imagem: Fernando Guerra, Guilherme Oliveira
Finalistas:
Edifício da Circunvalação I
Circunvalação Building I
António Morgado Nogueira
DPV_Residences
DPV_ Residences
Adriano Pimenta
Torre15
Tower 15
Julião Pinto Leite
Casa de Torcato
Torcato House
Catarina Ribeiro e Vitório Leite
Estrutura Residencial para pessoas Idosas
Residential Structure for Elderly People
Nuno Valentim Lopes e Frederico Eça
Vencedor
Winner
Located on the south bank of the Douro, near Gaia Marina, in a changing urban area, the land has a relatively regular geometry and a strong slope.
The surroundings are characterized, on the one hand, by the predominance of single-family houses with two to three floors to the east, and on the other hand, by the green areas that extend and frame the Palacete de S. Paio. New buildings, larger and with more floors, are planned in the vicinity to the west, reinforcing the need for this project to make a transition between the aforementioned scales.
Interpreting the references of the nearby surroundings, the project is defined by two brick volumes implanted within the land, surrounded by the patch of trees that extends from the adjoining land to the west.
Although implanted at different elevations due to the strong slope of the land, the two volumes are identical and take the dimensions and compositional principles of the Palacete de S. Paio as a reference.
The difference in elevations of the two volumes and a slight twist in the implantation allowed for, from the interior of all the rooms, always having different perspectives of the Douro River.
The complementary areas that make up the program are located on half-buried platforms, illuminated by the opening of courtyards and large skylights.
The natural-colored brick on the outside allows the buildings to blend into the hillside, and on the inside, it removes the hospital-like atmosphere traditionally found in senior housing programs.
Localizado na margem sul do Douro, próximo da Marina de Gaia, numa área urbana em transformação, o terreno apresenta uma geometria relativamente regular e uma forte pendente.
A envolvente caracteriza-se, por um lado, pela predominância de habitações unifamiliares de dois a três pisos a nascente e, por outro, pelas áreas verdes que se prolongam e enquadram o Palacete de S. Paio. Novos edifícios, de maior dimensão e número de pisos, estão previstos na proximidade a poente, reforçando a necessidade de que este projeto funcione como uma transição entre as diferentes escalas da área.
Interpretando as referências da envolvente próxima, o projeto define-se por dois volumes em tijolo implantados no interior do terreno, envolvidos pela mancha de árvores que se estende a partir dos terrenos contíguos a poente. Embora implantados a cotas diferentes devido à forte pendente do terreno, os dois volumes são idênticos e tomam como referência as dimensões e o princípio de composição do Palacete de S. Paio.
A diferença de cotas entre os volumes e uma ligeira torção na implantação permitem que, do interior de todos os quartos, seja sempre possível obter diferentes perspectivas do rio Douro.
As áreas complementares que compõem o programa localizam-se em plataformas semi-enterradas, iluminadas por pátios e grandes claraboias. O tijolo burro de cor natural, utilizado no exterior, contribui para que os edifícios se integrem na paisagem da encosta, enquanto no interior ajuda a eliminar a sensação estéril e impessoal tradicionalmente associada a programas de habitação sénior.
Crédito de Imagem: João Ferrand
Finalistas:
ERPI Castro Marim
ERPI Castro Marim
Chiara Ternullo e Pedro Teixeira de Melo
Polo Saúde Carcavelos
Carcavelos Health Center
Simão Botelho, Joana Jordão, Mário Serrano e Margarida Fonseca
Escola Básica Arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles
Basic School Architect Gonçalo Ribeiro Telles
João Santa Rita e Paulo Palma
Paços-do-Concelho-Trofa
Trofa Town Hall
José Carlos Nunes de Oliveira
Praça e Posto de Turismo Piódão
Piódão Square and Tourist Information Office
João Branco e Paula del Rio
Vencedor
Winner
The village of Piódão, located on an abrupt escarpment, forms an amphitheatre of schist houses run through steep and narrow streets, also made of schist. Largo Cónego Manuel Fernandes Nogueira, in the lower part, is the only open, horizontal and unobstructed space and serves as the main access to the village. Residents enter this square, many tourists all year round, and the necessary loading and unloading to supply this isolated place in the Serra de Açor. For this reason, over the years, the space has been colonized by cars, and used as a parking lot. The main objective of the project was to restore the character of a pedestrian and unimpeded gateway to the village. To this end, the project proposes two main actions: Firstly, a series of native cherry trees are planted at the entrance, creating a barrier that prevents cars from passing and separates and protects the square from the road. This vegetal filter changes the sequence of arrival: after the first discovery of the village, which is made by car, in the distance, in which its landscape implantation is recognized, the trees postpone the second order of understanding of the whole: the appearance of the elevation of the village, from its base. The second operation is the new paving of the space, executed in schist to the cleaver, without unevenness or curbs, to reinforce the new pedestrian character. The formal complexity of the space, which lacks directionality, is resolved with the introduction of a large central circle, the axis of the church, which circumscribes the bust and the existing trees. The different elements that make up the square: the façade of the Mother Church and the stone base on which it rests, the tourist office and the small houses with restaurants and cafes are arranged around this new soft centrality. The project also includes the tourist office building, located on the south side of the square. The intervention, both inside and outside, was to clean and clarify the existing, removing elements and annexes. A new shade, built in the traditional system of wooden structure and slate slabs, protects the entrances to the building and helps to maintain a unitary image of the whole. The attitude of the project in relation to the needs of the client and the inhabitants was to solve, without demanding protagonism. In this sense, everything that was achieved was maintained, namely all the existing trees, the bust or the public lamps, the same as the existing ones, rehabilitated and replaced. The pavement of the square was made with the same material as the entire village, schist, in a construction system that the locals master. The two porches, which give access to the Tourist Office and the Public Toilets, were built with a delicate structure of metal pillars, chestnut wood beams, and slate slab roofing, as were all the roofs in the village. The new trees, which have been placed at the entrance to the square, are native cherry trees. All these options contribute to a result in which it seems that nothing has been done, that it has always been like this, which is probably what the inhabitants of Piódão wanted, proud as they are of their village nativity scene. In doing so, it joins material sustainability, cultural sustainability, which is so necessary for the settlement of people in the interior of the country.
A aldeia do Piódão, implantada numa escarpa abrupta, forma um anfiteatro de casas de xisto percorrido por ruas íngremes e estreitas, também de xisto. O Largo Cónego Manuel Fernandes Nogueira, na parte mais baixa, é o único espaço aberto, horizontal e desafogado e serve como principal acesso à aldeia. Por esta praça entram os moradores, muitos turistas durante todo o ano, e as necessárias cargas e descargas para abastecer este lugar isolado na Serra de Açor. Por esta razão, ao longo dos anos, o espaço foi colonizado por carros, e utilizado como parque de estacionamento. O principal objetivo do projeto era devolver ao largo o carácter de porta de entrada na aldeia, pedonal e desimpedido. Com esse intuito, o projeto propõe duas ações principais: Em primeiro lugar, uma série de cerejeiras autóctones são plantadas à entrada, criando uma barreira que impede a passagem de carros e aparta e protege a praça da estrada. Este filtro vegetal muda a sequência de chegada: após a primeira descoberta da aldeia, que é feita de carro, ao longe, em que se reconhece a sua implantação paisagística, as árvores adiam a segunda ordem de entendimento do conjunto: a aparição do alçado da aldeia, desde a sua base. A segunda operação é a nova pavimentação do espaço, executada em xisto ao cutelo, sem desníveis nem lancis, para reforçar o novo carácter pedonal. A complexidade formal do espaço, que carece de direcionalidade, é resolvida com a introdução de um grande círculo central, a eixo da igreja, que circunscreve o busto e as árvores existentes. Os diferentes elementos que conformam a praça: a fachada da Igreja Matriz e o embasamento de pedra em que esta assenta, o posto de turismo e as pequenas casas com restaurantes e cafés dispõem-se em redor desta nova centralidade suave. O projeto abrange também o edifício do posto de turismo, situado no lado sul do Largo. A intervenção, tanto no interior como no exterior, foi de limpeza e clarificação do existente, retirando-se elementos e anexos. Uma nova sombra, construída no sistema tradicional de estrutura de madeira e lajetas de ardósia, protege as entradas ao edifício e ajuda a manter uma imagem unitária do conjunto. A atitude do projeto em relação às necessidades do cliente e dos habitantes foi a de resolver, sem cobrar protagonismo. Nesse sentido, foi mantido tudo o que se conseguiu, nomeadamente todas as árvores existentes, o busto ou os candeeiros públicos, iguais aos existentes, reabilitados e recolocados. O pavimento da praça foi executado com o mesmo material de toda a aldeia, o xisto, num sistema construtivo que os locais dominam. Os dois alpendres, de acesso ao Posto de Turismo e aos Sanitários Públicos, foram executados com uma delicada estrutura de pilares metálicos, vigas de madeira de castanheiro, e cobertura de lajetas de ardósia, tal como todas as coberturas da aldeia. As novas árvores, que se colocaram à entrada da praça, são cerejeiras autóctones. Todas estas opções contribuem para um resultado em que parece que nada se fez, que foi sempre assim, o que provavelmente é o que os habitantes do Piódão desejavam, orgulhosos que são da sua aldeia presépio. Ao ser assim, junta-se à sustentabilidade material, a sustentabilidade cultural, tão necessária à fixação das gentes no interior do país.
Crédito de Imagem: Frederico Martinho, do mal o menos
Finalistas:
Parque Urbano Cruz do Montalvão
Urban Park Cruz do Montalvão
Verónica Mota Almeida e Diamantino Rodrigues de Oliveira
Forum
Forum
Andreia Garcia
Rua do Mirante Porto
Rua do Mirante Porto
Nuno Abrantes
Praça do Estreito
Parish of Estreito
Carolina Sumares e Richard
den Heije
Casal Saloio
Saloio Couple
Miguel Marcelino
Vencedor
Winner
The Casal Saloio of Outeiro de Polima is one of the few examples that document the first occupations of this territory. It is a humble building that has undergone successive alterations and expansions over time until it was transformed into a museum space. In its original form, it was simply a small compartment, which later gained an annexed room, a side wing, a stone oven, a corral, a second floor, and more annexes. At one point, two buttresses were added to address structural issues. The construction logic has always been based on informality and the basic fulfillment of needs.
With so many layers of transformation, the decision was made to consolidate the old rural house in its most recognizable final form, with its evolution visible through the broken and uneven geometry. The new extension consists of two new intersecting L-shaped volumes, forming a patio with the existing structure and adopting a similar form and scale, continuing, now in the 21st century, the logic of successive extensions and intersections that have defined its character.
O Casal Saloio de Outeiro de Polima é dos poucos exemplos que documentam as primeiras ocupações deste território. Trata-se de uma construção humilde que sofreu sucessivas alterações e ampliações ao longo dos tempos até ser agora transformada em espaço museológico. Na sua génese, era apenas um simples compartimento, depois ganhou um quarto anexo, uma ala lateral, um forno de pedra, o curral, o segundo piso e, novamente, mais outros anexos. A certa altura, foram adicionados dois contrafortes para conter problemas estruturais. A lógica construtiva foi sempre a da informalidade e do mero suprimento de necessidades.
Havendo tantas camadas de transformações, optou-se por consolidar a antiga casa rural na sua última configuração reconhecível, podendo-se ler a sua evolução através da geometria quebrada e desuniforme. A nova ampliação consiste em dois novos volumes intersectados em L, formando um pátio com o conjunto existente e adotando uma forma e escala similar, continuando, agora no século XXI, a lógica de sucessivas ampliações e intersecções que a caracterizam.
Crédito de Imagem: Lourenço T. Abreu
Finalistas:
Casa QBN
QBN House
André Delgado e Sofia Parente
Escola EB n.º 1 Telheira
EB No. 1 Telheira School
Pedro Belo Ravara e Nuno Vidigal
Mercado Municipal de Mafra
Mafra Municipal Market
Filipe Nunes e Marta Tora
Bairro do Silva
Silva Neighborhood
Pablo Rebelo e Pedro Pita
Casa em Ancede
House at Ancede
Maria João Rebelo
Vencedor
Winner
There was a stone ruin and the prospect of building an extension of 300 m². After a series of forest fires, the land became part of a national ecological reserve, and this is no longer possible. The ruin was too small, but the discrepancy between material and legal reality allowed the expansion of the footprint from 35 to 60 m². Enough to contain the missing infrastructure. Reconstruction was proposed, shifting two walls to gain the additional space. In the presupposed ecological spirit, the roof, slabs, and frames were to be made of wood, and the exterior walls were to be insulated with cork.
The long duration of the architecture project saw it pass through a pandemic, a Suez blockade, and several wars. Coupled with the shortage of skilled labor in Portugal, the original design became impossible and was reformulated according to the conditions of a local contractor. The form was maintained, but the construction became feasible: a concrete structure, thermal block, and water-repellent MDF, coated with a layer of paint or varnish.
Produced to remain hidden, the materials were used “as found” and “as they are,” in the spirit of the Smithsons or Sakamoto. The aluminum frames were selected from a catalog, subverted only by a vivid color. All the stones from the ruin were reused in new retaining walls.
The drawings presented reflect not so much the original design, but what, in a way, was “designed” by others under the guidance of the architects. This inversion reveals the compositional intent of a construction otherwise ordinary. The spatial richness results from its economy, translated into a maximization of the minimum gesture.
In the face of macroscopic socio-political issues such as the economy and ecology, architecture can do little more than contribute to a more generous definition of this minimum.
Existia uma ruína de pedra e a perspectiva de construir uma extensão de 300 m². Após uma série de incêndios florestais, o terreno integrou uma reserva ecológica nacional e isso deixou de ser possível. A ruína era demasiado pequena, mas um desfasamento entre realidade material e jurídica permitiu ampliar a implantação de 35 para 60 m². O suficiente para conter as infraestruturas em falta. Propôs-se a reconstrução, deslocando duas paredes para obter o espaço suplementar. No espírito ecológico pressuposto, o telhado, as lajes e os caixilhos deveriam ser produzidos em madeira e as paredes exteriores isoladas com cortiça.
O tempo longo da arquitetura fez o projeto atravessar uma pandemia, uma obstrução do Suez e várias guerras. Aliando-se à escassez de mão de obra qualificada em Portugal, o desenho original tornou-se impossível e foi reformulado conforme as condições de um empreiteiro local. A forma manteve-se, mas a construção tornou-se a possível: uma estrutura em betão, bloco térmico e MDF hidrófugo, revestidos com uma camada de tinta ou verniz.
Produzidos para ficar escondidos, os materiais foram utilizados “como encontrados” e “como são”, ao espírito dos Smithsons ou de Sakamoto. Os caixilhos de alumínio foram escolhidos de um catálogo, subvertidos apenas por uma cor vívida. Todas as pedras da ruína foram reutilizadas em novos muros de suporte.
Os desenhos apresentados refletem não tanto o projeto original, mas o que de certa forma foi “desenhado” por outros, sob orientação dos arquitetos. Isto inverte o seu significado, desvelando o sentido compositivo de uma construção, de outro modo, ordinária. A riqueza espacial resulta da sua economia, traduzida numa maximização do gesto mínimo. Perante questões sócio-políticas macroscópicas como a economia e a ecologia, a arquitetura pouco mais pode fazer do que contribuir para uma definição mais generosa desse mínimo.
Crédito de Imagem: Francisco Ascensão
Finalistas:
Três Fachadas de Betão Aparente
Three Exposed Concrete Facades
Corpo Atelier
Casa das Montanhas
House of the Mountains
Diogo Aguiar
Casas Germanas
German Houses
Pablo Rebelo e Pedro Pita
Casa no Bairro Herculano
House in Herculano Neighborhood
Nuno Reis Pereira
Building Pictures
Sara Nunes
Menção Especial Inovação em Arquitetura
Pedro Bandeira
Menção Especial Ensino e Investigação em Arquitetura
Mestre da FORMA
Álvaro Siza Vieira
Menção Especial Carreira